Carlinhos Colé
Mais triste do que não saber ler, é saber e não querer
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Textos
No campo da igualdade
O  lume dos castiçais,
os acordes sacrossantos.
Em quantas vozes os cantos,
e a luz que vem dos vitrais.

A cera virgem se queima,
um  místico odor de incenso.
O ar que me envolve é tão denso!
Lá dentro essa fé que teima.

Na arte do altar centenário
Os mil detalhes talhados,
Os anjos, seres alados,
E os sinos no campanário.

As flores e os paramentos,
Bancos de madeira nobre,
O ambão de dourado cobre.
Mistura de sentimentos.

Sobre as lajotas do piso,
Estas mesmas que aqui estão
Pisou a bota do patrão
E o pé do escravo indeciso.

Patrão de nome pomposo
Pagava o Céu com dinheiro
Que rezava o credo inteiro
com pensamento escabroso.

Escravo negro fujão,
sem as manhas das trapaças.
Vivendo longe das graças,
Mas cultivando o perdão...

E muitos anos depois,
apesar das diferenças,
desigualdades de crenças,
a terra consumiu os dois.
Carlinhos Colé
Enviado por Carlinhos Colé em 11/12/2011
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