Carlinhos Colé
Mais triste do que não saber ler, é saber e não querer
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Vende-se um carinho de bebê
               Caminho pelas ruas do meu bairro. Bairro grande com mais de dez mil moradores, meio que independente do centrão. Trabalho com comunicação visual e minha percepção  seletiva conduz os meus sentidos para tudo o que é apelo comercial. Sabe que isso ás vezes dói? Gente! Tem tanta coisa estranha anunciada por aí! Numa placa luminosa, porduzida até com certo bom gosto eu encontro a pérola: TEMOS MOSQUITEIROS PARA PERNILONGOS. (?) Diante de certo letreiro mal garatujado num muro tive que me deter por um tempo tentando, debalde, decifrar o estranho dizer:          
                                       VENDE-SE
                                          ESTE-
                                           RCO
               Meu Deus!  O que é que vem a ser RCO? Será algum medicamento miraculoso? Alguma novidade eletrônica? Ou algum produto transgênico?
               Entro no Varejão e vou lendo as plaquetas com nomes e preços dos hortifrutis: amêxa 6,90 kg; pêcego 5,89 kg;  melansia 2,90 kg... Massã, abacachi, giló, machiche e mais um tantão de coisa estranha...
              Na volta, passando pela outra calçada, deparo-me com o cartaz: VENDE-SE UM CARINHO DE BEBÊ. Já penso em acionar o conselho tutelar  quando vejo na varanda  da casa o carrinho, objeto anunciado.
              Passando novamente pelo muro com o enigma do RCO e indagando da vizinhança venho a saber que ali se vende esterco.              
Carlinhos Colé
Enviado por Carlinhos Colé em 08/02/2012
Alterado em 09/02/2012
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