Carlinhos Colé
Mais triste do que não saber ler, é saber e não querer
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Falam que Deus não quis dar asas a cobras
Conta-me um amigo, que quando estava no terceiro período da faculdade ouviu o seguinte comentário de um seu chegado já idoso: “quer dizer que você está se preparando para fazer bem feito o errado”? Que ficou um tempo tentando destrinchar aquela frase até esbarrar com o seu significado. Que passou a analisar o quanto em, muitos casos, ela se aplica muito bem. Disse que até hoje a indagação do velho o deixa desconfortável, sobretudo por vivermos numa época e nação onde muitos parecem se capacitar exatamente para praticar com maestria atos ilícitos. Mas não é bem verdade?
Tentando conduzir o rumo da prosa a paragens mais amenas convido-o a fazer uma lista mental de pessoas que se prepararam para fazer bem feito o que é correto. Sei que voltaremos ao assunto em outras oportunidades e acredito que teremos muitos nomes a elencar, uma vez que tenho também tentado me ater mais ao que o mundo tem de bom, e busco há muito tempo encontrar o melhor de cada pessoa. É o que se pode fazer já que ninguém é perfeito. Aliás, a palavra perfeito que vem do Latim PERFECTUS, “completo”, particípio passado de PERCIFERE que quer dizer acabar, terminar, completar, de PER, “completamente, de todo, sem faltar nada”  mais FACERE, “fazer, levar a efeito”, citando um filósofo da atualidade, “é condição que só alcançaremos com a morte: seremos cadáveres perfeitos”.
Começo aqui minha lista pelo próprio amigo com quem acabo de trocar aquelas ideias. É professor da rede pública e vive à procura de excelência profissional no seguimento que escolheu, indiferente à desvalorização do mesmo pelo Estado, alegrando-se genuinamente com o avanço de cada aluno ou se lamentando por aqueles que infelizmente menosprezam a imensurável ventura da oportunidade de adquirir conhecimentos. Digo a ele que encabeçará a minha lista de pessoas éticas e já se sente melhor. “Falam que Deus não quis dar asas à cobra”, ele comenta ainda, “mas que tem delas voando por aí, isso tem!
Recordo com ele, pra encerrar o assunto, uma frase famosa de Beda, conhecido também como o Venerável Beda, um monge inglês que viveu entre os anos de 673 e 735, nos mosteiros de São Pedro e São Paulo no nordeste da Inglaterra, região pertencente, na época ao Reino da Nortúmbria e cuja obra rendeu-lhe o título de “Pai da História Inglesa”. Pois é desse camarada a frase:
“Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe, não praticar o que se ensina, e não perguntar o que se ignora”.
É isso aí, Professor!
Carlinhos Colé
Enviado por Carlinhos Colé em 08/08/2017
Alterado em 30/08/2017
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