Carlinhos Colé
Mais triste do que não saber ler, é saber e não querer
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Textos
Um mestre a seu dispor
Uma pessoa com gosto por algum tema em particular, com formação técnica ou com apenas experiência prática, debruça-se sobre o assunto, busca fontes de informações as mais variadas, pesquisa, debate, troca ideias com pessoas que julga entendidas e depois de anos, às vezes décadas, coloca o resultado desse seu trabalho nesse objeto apaixonante que chamamos livro. E aí aquela riqueza de conhecimentos cai nas minhas mãos, a um custo relativamente baixo, para estar à minha disposição para quando eu quiser explorá-lo, na hora e no lugar em que eu escolher. Visto por este ângulo o livro torna-se um sábio à minha disposição, sempre pronto a me atender sem qualquer exigência, sem me constranger ou demonstrar enfado diante da minha ignorância. Vejo o livro como um baú do tesouro em que muitos tropeçam sem atentar para seu conteúdo. Que pena!
Velho amigo da humanidade que por muitos e muitos séculos prestou-se a guardar a memória dos povos, os conhecimentos científicos, a cultura das nações e os princípios das religiões. Começou a ser cultuado pelos mais sábios há milhares de anos nos templos do conhecimento que hoje conhecemos por bibliotecas. Muito anteriores à imprensa as bibliotecas já existiam no antigo Oriente onde tinham um caráter religioso visto que eram normalmente instaladas nos templos. Segundo os historiadores a primeira biblioteca de que se tem registro foi organizada pelo Rei Osimandias, em Mênfis, há mais de 4000 anos. Guardava ela uma preciosa coleção de manuscritos em antigo hebraico. Em sua entrada lia-se: “Remédio da alma”. Grécia e Roma também tiveram suas bibliotecas famosas.
No período helenista as bibliotecas tiveram grande desenvolvimento sobressaindo-se as celebres bibliotecas de Pérgamo e de Alexandria, a primeira com 200.000 volumes e a segunda com 700.000. Esta última, fundada por Ptolomeu Sóter, guardava a “Versão dos Setenta”, tradução grega dos livros dos hebreus.
Foi de César a iniciativa das bibliotecas públicas. No Século IV Roma possuía vinte e oito delas, contando-se só as de maior importância. Nas ruínas de Herculano foram descobertas algumas ainda intactas que prestaram-se a reconstruir a opulência com que eram instaladas, com armários e estantes de cedro, marfim e mármore com soberbas incrustações em ouro. Vê-se por aí porque aquele foi um tão poderoso império. O povo tinha acesso aos livros e esses eram valorizados ao ponto de serem acondicionados em ambiente de grande magnificência.
Segundo a Escritura Sagrada, Salomão era o homem mais sábio do mundo e um de seus conselhos era: “quando encontrar um homem sábio, madrugue para visita-lo, que seus pés gastem a soleira de sua porta.” Os livros, escolhidos com critério, trazem a essência dos grandes sábios.
Quem adquire desde cedo o hábito da leitura é pessoa que certamente se destacará pela erudição e grandeza de alma. Tenha ou não condições de frequentar uma boa escola e receber uma formação acadêmica específica, o tesouro do seu conhecimento será sempre um bem incorruptível. Seu vocabulário será mais amplo e seus horizontes mais vastos. Sempre se situará com mais segurança diante dos impasses e dos incidentes que exijam escolhas. Contudo o hábito da leitura pode ser cultivado a qualquer altura da vida. Não perca mais tempo.  Tenha sempre do seu lado um amigo fiel, discreto, generoso e quase sempre muito sábio. Eu te apresento o livro. Visite-o esta semana numa biblioteca pública.    
Carlinhos Colé
Enviado por Carlinhos Colé em 04/09/2017
Alterado em 04/09/2017
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