Carlinhos Colé
Mais triste do que não saber ler, é saber e não querer
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de volta ao pó
O maior império da antiguidade, o Romano, assinalou-se na história pelo seu caráter guerreiro, argúcia política e administrativa, suas leis úteis e práticas lançaram os alicerces do direito moderno. Como os romanos se destinavam à guerra e a sopesavam como a única arte, deram-se a ela com todas as suas forças no sentido de aprimorá-la. Forniram seus legionários de armas ofensivas e defensivas mais fortes e mais pesadas que a de qualquer outro povo. O treinamento dos soldados também era pesado. Precisavam ser mais que homens, pelo que eram submetidos a um trabalho contínuo que aumentava suas forças e exercícios que lhes conferiam grande desenvoltura, com o emprego correto de sua força. Enquanto em alguns modelos de exército o treinamento dos homens oscila de um esforço extremo para a ociosidade extrema, os soldados romanos se preservavam à custa de muita fadiga. Faço estas reflexões com base na obra de Montesquieu intitulada “Grandeza e decadência dos romanos”, mas outras fontes nos dão conta de que Roma, desde suas primeiras vitórias sobre povos vizinhos da península itálica, já no século VII a.C., adquiriu o costume de fazer escravos os povos terras conquistadas.
Muito da grandeza do Império Romano deve-se à mão de obra escrava e esta por sua vez era garantida pela excelência do exército. Na medida em que crescia o número de escravos  em Roma (o historiador inglês Blair, calculou a proporção de três para cada cidadão livre durante o período que se estende da conquista da Grécia , 146 a.C. ao reinado de Alexandre Severo, 222-235), despertou-se na população escrava a consciência da força coletiva, o que veio a suscitar três grandes revoltas contra o cativeiro.
Na obra “Espartaco”, de Arthur Koestler ele descreve o fim de uma dessas insurreições no ano 71 a.C., quando o Exército de Crasso crucificou ao longo da Via Ápia, entre Cápua e Roma, seis mil homens, do levante de setenta mil revoltosos comandados por Espártaco. Os cadáveres exibidos à beira da estrada eram um aviso do grande império contra novos ensaios de libertação.
Um personagem de certo romance de Machado de Assis compara a brevidade da vida humana a bolhas numa água em ebulição, olhando para a história poderíamos aplicar a mesma imagem à existência dos grandes impérios. No fim, tudo volta ao pó. Ocorre-me a metáfora do pé de milho: nasce, cresce, floresce, produz o que tiver que produzir, ocorre de deixar semente, mas volta ao pó para adubar a terra e alimentar os pés de milho da safra seguinte. Quantos outros impérios poderíamos enumerar aqui, sempre com um destino idêntico ao do pé de milho? O império Romano produziu espigas de conhecimento e deixou sementes para toda a humanidade. Alguns nomes ficaram: Lívio Andrônico, Plauto Ésio, Horácio, Virgílio, Ovídio, Cícero, Júlio César, São Cipriano, Santo Agostinho, Tertuliano... Mas as ruinas do Coliseu dão-nos uma idéia de onde vai dar o orgulho.
Carlinhos Colé
Enviado por Carlinhos Colé em 06/10/2017
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